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Mediunidade na Infância: Sensibilidade, Educação e Responsabilidade

A infância sempre despertou interesse quando o tema é mediunidade. Muitas famílias observam comportamentos sensíveis, percepções sutis ou expressões emocionais marcantes e se perguntam: isso é mediunidade? É comum? Como direcionar?


A doutrina espírita oferece uma compreensão clara e acolhedora sobre o tema, enfatizando que a infância é um período de sensibilidade natural, e não uma fase para exercício mediúnico deliberado. Além de fenômenos espirituais, envolve o desenvolvimento emocional, a busca pelo equilíbrio e a construção de valores morais.


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Neste artigo, compilamos as orientações de Allan Kardec, Suely Caldas Schubert e Hermínio C. Miranda, André Luiz e orientações de instituições espíritas para entender, de forma segura, o fenômeno da sensibilidade na infância.


A infância como período de sensibilidade espiritual

Allan Kardec descreve que, nos primeiros anos, o Espírito que reencarna passa por uma fase de atenuação das memórias de suas vidas anteriores. Essa mudança pode fazer com que algumas crianças apresentem:

• robusta imaginação,

• percepções intuitivas,

• sensibilidade emocional elevada,

• empatia ou aversão espontânea,

• sonhos marcantes,

• observações acerca de presenças ou sensações.

 

De acordo com O Livro dos Médiuns, a mediunidade é uma predisposição orgânica, podendo se manifestar de forma mais sensível em certos indivíduos desde a infância.

No entanto, essa sensibilidade não é considerada exercício mediúnico e não deve ser interpretada como tal.

 

 Por que a prática mediúnica não é incentivada em crianças?

Autoras como Suely Caldas Schubert e a própria FEB são categóricas:

A prática mediúnica é voltada somente para adultos com maturidade emocional.

 

As razões são evidentes:

1. A criança ainda não compreende o sentido moral da comunicação espiritual.

2. Sua estrutura emocional está em formação, o que torna experiências intensas potencialmente perturbadoras.

3. Ela combina fantasia, imaginação e percepção espiritual, tornando o discernimento mais difícil.

4. Pode gerar medo, ansiedade ou uma sensação de responsabilidade excessiva.

 

Por essa razão, as manifestações infantis devem ser compreendidas como sensibilidade, em vez de mediunidade a ser praticada ou desenvolvida.

 

 Como diferenciar sensibilidade de mediunidade ostensiva

Hermínio C. Miranda ressalta que a infância é uma fase em que a psique é naturalmente permeável. Assim, antes de pensar em mediunidade, é essencial observar:

• Há equilíbrio emocional geral?

• As percepções são regulares ou ocasionais?

• A criança apresenta medo ou calma?

• Os relatos surgem espontaneamente ou apenas após estímulo?

 

Na maioria dos casos, o fenômeno se enquadra como:

imaginação natural,

• sonhos simbólicos,

• empatia emocional,

• manifestações criativas,

e não como mediunidade propriamente dita.

 

Quando há percepções persistentes, André Luiz lembra que a espiritualidade respeita a infância e atua de forma protetora, suave e sem sensacionalismo.

 

 

O papel da família: acolher, não estimular

A melhor abordagem para a infância continua sendo a mesma: afeto, tranquilidade e naturalidade.

 

A família pode ajudar por meio de:

• diálogo aberto e sem repressão,

• ambiente harmonioso e afetivo,

• preces breves, espontâneas e sem dramatização,

• evangelho no lar adaptado e simples,

• hábitos de disciplina, sono, alimentação e estilo de vida saudável.

 

Nunca se deve:

• incentivar “treino mediúnico”,

• pedir à criança que descreva espíritos,

• levá-la a reuniões mediúnicas,

• encarregar o menor de responsabilidade espiritual.

Orientar com leveza é o caminho.

 

 

Quando buscar orientação em uma casa espírita?

A família pode procurar ajuda quando:

 • medo constante da criança;

• há perturbação emocional persistente,

• surgem percepções que lhe causam sofrimento,

• os pais se sentem inseguros para conduzir.

 

A casa espírita, seguindo diretrizes de Kardec e da FEB, não colocará a criança em atividades mediúnicas, mas oferecerá:

• evangelização voltada para crianças;

• atendimento fraterno para os pais,

• ondas de carinho e orações pela família,

• aconselhamento ético e espiritual.

O objetivo é a harmonia, não a manifestação espiritual.

 

 Conclusão: a infância é um período de cuidado, aprendizado e carinho.

 A sensibilidade na infância é um componente natural do crescimento emocional e espiritual. Podem existir percepções além do habitual? Sim. Mas elas devem ser conduzidas com responsabilidade, respeito e serenidade.

O mais importante não é a faculdade em si, mas o que a doutrina destaca desde Allan Kardec:

A infância é uma fase de formação moral, e não de prática mediúnica.

 

A melhor abordagem é sempre:

• receber,

• guardar,

• educar,

• orientar,

• e permitir que a criança cresça com leveza.

A mediunidade, quando existir, se manifestará naturalmente, no tempo certo, com maturidade e equilíbrio.


Por Wagner Lettnin Referências bibliográficas:

-Allan Kardec. O Livro dos Espíritos; O Evangelho Segundo o Espiritismo

-Emmanuel (psicografia de Chico Xavier). Caminho, Verdade e Vida; Pensamento e Vida; Vida e Sexo

-Hermínio C. Miranda.Diversos estudos sobre mediunidade

-Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis. Série Psicológica — Joanna de Ângelis; Entrevistas e palestras

-Dr. Sérgio Felipe de Oliveira. Pesquisas e palestras sobre glândula pineal

Meimei (Maria Izilda da Silveira Tavares), psicografada por Chico Xavier. O Espírito da Verdade / Pai Nosso / Cartas do Coração

 
 
 

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