Mediunidade na Infância: Sensibilidade, Educação e Responsabilidade
- Wagner Lettnin
- 14 de nov.
- 4 min de leitura
A infância sempre despertou interesse quando o tema é mediunidade. Muitas famílias observam comportamentos sensíveis, percepções sutis ou expressões emocionais marcantes e se perguntam: isso é mediunidade? É comum? Como direcionar?
A doutrina espírita oferece uma compreensão clara e acolhedora sobre o tema, enfatizando que a infância é um período de sensibilidade natural, e não uma fase para exercício mediúnico deliberado. Além de fenômenos espirituais, envolve o desenvolvimento emocional, a busca pelo equilíbrio e a construção de valores morais.

Neste artigo, compilamos as orientações de Allan Kardec, Suely Caldas Schubert e Hermínio C. Miranda, André Luiz e orientações de instituições espíritas para entender, de forma segura, o fenômeno da sensibilidade na infância.
A infância como período de sensibilidade espiritual
Allan Kardec descreve que, nos primeiros anos, o Espírito que reencarna passa por uma fase de atenuação das memórias de suas vidas anteriores. Essa mudança pode fazer com que algumas crianças apresentem:
• robusta imaginação,
• percepções intuitivas,
• sensibilidade emocional elevada,
• empatia ou aversão espontânea,
• sonhos marcantes,
• observações acerca de presenças ou sensações.
De acordo com O Livro dos Médiuns, a mediunidade é uma predisposição orgânica, podendo se manifestar de forma mais sensível em certos indivíduos desde a infância.
No entanto, essa sensibilidade não é considerada exercício mediúnico e não deve ser interpretada como tal.
Por que a prática mediúnica não é incentivada em crianças?
Autoras como Suely Caldas Schubert e a própria FEB são categóricas:
A prática mediúnica é voltada somente para adultos com maturidade emocional.
As razões são evidentes:
1. A criança ainda não compreende o sentido moral da comunicação espiritual.
2. Sua estrutura emocional está em formação, o que torna experiências intensas potencialmente perturbadoras.
3. Ela combina fantasia, imaginação e percepção espiritual, tornando o discernimento mais difícil.
4. Pode gerar medo, ansiedade ou uma sensação de responsabilidade excessiva.
Por essa razão, as manifestações infantis devem ser compreendidas como sensibilidade, em vez de mediunidade a ser praticada ou desenvolvida.
Como diferenciar sensibilidade de mediunidade ostensiva
Hermínio C. Miranda ressalta que a infância é uma fase em que a psique é naturalmente permeável. Assim, antes de pensar em mediunidade, é essencial observar:
• Há equilíbrio emocional geral?
• As percepções são regulares ou ocasionais?
• A criança apresenta medo ou calma?
• Os relatos surgem espontaneamente ou apenas após estímulo?
Na maioria dos casos, o fenômeno se enquadra como:
• imaginação natural,
• sonhos simbólicos,
• empatia emocional,
• manifestações criativas,
e não como mediunidade propriamente dita.
Quando há percepções persistentes, André Luiz lembra que a espiritualidade respeita a infância e atua de forma protetora, suave e sem sensacionalismo.
O papel da família: acolher, não estimular
A melhor abordagem para a infância continua sendo a mesma: afeto, tranquilidade e naturalidade.
A família pode ajudar por meio de:
• diálogo aberto e sem repressão,
• ambiente harmonioso e afetivo,
• preces breves, espontâneas e sem dramatização,
• evangelho no lar adaptado e simples,
• hábitos de disciplina, sono, alimentação e estilo de vida saudável.
Nunca se deve:
• incentivar “treino mediúnico”,
• pedir à criança que descreva espíritos,
• levá-la a reuniões mediúnicas,
• encarregar o menor de responsabilidade espiritual.
Orientar com leveza é o caminho.
Quando buscar orientação em uma casa espírita?
A família pode procurar ajuda quando:
• medo constante da criança;
• há perturbação emocional persistente,
• surgem percepções que lhe causam sofrimento,
• os pais se sentem inseguros para conduzir.
A casa espírita, seguindo diretrizes de Kardec e da FEB, não colocará a criança em atividades mediúnicas, mas oferecerá:
• evangelização voltada para crianças;
• atendimento fraterno para os pais,
• ondas de carinho e orações pela família,
• aconselhamento ético e espiritual.
O objetivo é a harmonia, não a manifestação espiritual.
Conclusão: a infância é um período de cuidado, aprendizado e carinho.
A sensibilidade na infância é um componente natural do crescimento emocional e espiritual. Podem existir percepções além do habitual? Sim. Mas elas devem ser conduzidas com responsabilidade, respeito e serenidade.
O mais importante não é a faculdade em si, mas o que a doutrina destaca desde Allan Kardec:
A infância é uma fase de formação moral, e não de prática mediúnica.
A melhor abordagem é sempre:
• receber,
• guardar,
• educar,
• orientar,
• e permitir que a criança cresça com leveza.
A mediunidade, quando existir, se manifestará naturalmente, no tempo certo, com maturidade e equilíbrio.
Por Wagner Lettnin Referências bibliográficas:
-Allan Kardec. O Livro dos Espíritos; O Evangelho Segundo o Espiritismo
-Emmanuel (psicografia de Chico Xavier). Caminho, Verdade e Vida; Pensamento e Vida; Vida e Sexo
-Hermínio C. Miranda.Diversos estudos sobre mediunidade
-Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis. Série Psicológica — Joanna de Ângelis; Entrevistas e palestras
-Dr. Sérgio Felipe de Oliveira. Pesquisas e palestras sobre glândula pineal
Meimei (Maria Izilda da Silveira Tavares), psicografada por Chico Xavier. O Espírito da Verdade / Pai Nosso / Cartas do Coração






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